A sabedoria não racional da mudança

26 de Novembro de 2014

COETERISPARIBUS – A sabedoria não racional da mudança

René Descartes, filósofo, físico e matemático francês, ficou conhecido por ser o fundador da filosofia moderna e “pai da matemática moderna”. Postulou, certa vez, o seguinte pensamento, descrito na sua mais conhecida obra, o “Discurso do Método”:

“Inexiste no mundo coisa mais bem distribuída que o bom senso, visto que cada indivíduo acredita ser tão bem provido dele que mesmo os mais difíceis de satisfazer em qualquer outro aspecto não costumam desejar possuí-lo mais do que já possuem…que o poder de julgar de forma correta e discernir entre o verdadeiro e o falso, que é justamente o que é denominado bom senso ou razão, é igual em todos os homens…”

 

Por esse método, ele buscou demonstrar como conseguira alcançar sucesso em seus empreendimentos através de seus processos, comportamentos e caminhos seguidos, sem intenção, no entanto, de servir de exemplo para ninguém.

Belo discurso, diga-se de passagem, e que vale a pena ser lido na íntegra à posteriori.

Reflexões à parte, estamos vivendo, há tempos, momentos de turbulência no mercado, onde as convicções, a razão ou lógica do bom senso não somam mais tantos pontos como antigamente.

Existe uma expressão latina designada coeterisparibus, bastante utilizada no meio das ciências exatas, que significa algo como “mantidas as condições, inalterados os fatores” ou, como diriam os professores de química, “nas condições normais de temperatura e pressão”. Fatidicamente, essa expressão perdeu, ao longo do tempo, sua força no vocabulário comum.

Entretanto, nem a química nem a física (onde tudo depende do referencial adotado!), conseguiriam explicar o que ocorre com os movimentos de mercado e suas oscilações de humor, e parece ser mais prudente uma inclinação maior à desconfiança das coisas que à presunção de lançar mão de rebuscadas projeções.

Devemos, sim, permanecer constantes na busca da verdade das coisas, tentando nos aproximar dela a cada dia, mas sabendo que as mudanças darão o tom da nova jornada econômica e que, portanto, nossa preparação e formação exigirá de nós sermos cada vez mais consistentes e multifacetados, rápidos e precisos nas reações.